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    De vendedor de milho a bicampeão brasileiro de Free Fire; conheça Modéstia, da Vivo Keyd

    A ascensão do Free Fire no Brasil teve um papel fundamental para a democratização do acesso aos jogos nas periferias de todo o país. As histórias de jogadores de Free Fire que tiveram sua vida transformada pelas oportunidades que o jogo as deu transbordaram e chegaram até ao cenário competitivo. Na Vivo Keyd, primeira equipe bicampeã da LBFF, o jogador Modéstia, de 21 anos, é um dos que puderam realizar sonhos de toda a família após começar a jogar. Ele trabalhava com o padrasto como vendedor de milho em um campo de futebol de várzea, mas após conquistar espaço no cenário competitivo, retribuiu o apoio da família dando uma casa para a mãe. 

    Na época em que soube do Free Fire, Matheus Henrique até preferia jogar no computador, mas o fácil acesso que o celular proporcionava pesou na decisão de continuar jogando pelo aparelho, mesmo que não fosse dos mais modernos: “O que mais me fez jogar Free Fire mesmo foi a questão da facilidade. O fácil acesso do game, porque não exige tanta coisa, nem celular tão forte e nem periféricos, então qualquer pessoa consegue jogar de boa.”, afirmou. 

    Confira a entrevista completa com o jogador: 

    Você entrou na Vivo Keyd na LBFF 4 e já a partir da LBFF 5 conseguiu resultados muito bons nos campeonatos (campeão, vice, vice e bicampeão). A que você atribui esse bom rendimento da Vivo Keyd nos campeonatos?

    Foi um time que foi montado para ganhar título. A gente teve um rendimento bem abaixo na LBFF 4 e na LBFF 5 esse time foi montado. Então a partir do momento que esse time foi montado, Modéstia, Deadgod, Nando e General, a gente teve desempenhos muito bons. São 4 LBFFs já, dois títulos e dois vices. E duas participações em mundiais agora. Então o que mais conta nesse time é sempre a vontade de ganhar. A determinação e a vontade de vencer, que não é um time que ganha e depois para. A gente quer ganhar tudo, fazer um legado e uma história. E acho que a gente já tá fazendo isso. Tem muitas pessoas que vêm reconhecendo nosso trabalho e que sabem que a gente é um time muito forte, que somos um time que briga em todas as finais. Então, acredito que seja mais dedicação e vontade de vencer mesmo, que atribui mais ao time e também o fato de o time ter muitos jogadores de alta qualidade. São quatro players que podem fazer a diferença a qualquer momento. 

    Sabemos que você era até mais do PC do que do mobile antes de começar a jogar Free Fire, o que do jogo fez você realmente querer migrar pro mobile?

    No início do jogo, eu queria muito jogar o Free Fire no computador, mas ele era bem abaixo, então eu tinha um celular assim mais ou menos que, diferente do pc, rodava o jogo. Eu jogava com uns amigos meus, então era mais “for fun” mesmo, pra se divertir, porque eram pessoas que eu gostava da minha escola. E eu fui gostando do game, fui achando divertido jogar com os meninos. Também fui evoluindo jogando diariamente. Até o momento que eu pensei: ‘ah, acho que dá pra fazer alguma coisa nesse game aqui’. E foi quando eu comecei a me dedicar realmente no game. Eu também passava bastante tempo assistindo às lives dos jogadores que já eram profissionais, então eu pegava muita coisa pra eu mesmo executar no game. E o que mais me fez jogar Free Fire mesmo foi a questão da facilidade. O fácil acesso do game, porque não exige tanta coisa, nem celular tão forte e nem periféricos, então qualquer pessoa que entra consegue jogar de boa. 

    Como foi para conciliar o trabalho com o Free Fire nessa época que ainda não era profissional?

    Essa época foi bem complicada. Eu gostava muito de jogar, só que eu não tinha mais tanto tempo como antes, sabe? Eu trabalhava, chegava, tomava banho e jogava um pouco. Eu costumava jogar 1h30 por dia, jogava uns campeonatos amadores quando chegava em casa e conseguia conciliar bem até, mas havia dias em que eu estava muito cansado e acabava dormindo sem nem jogar. O bom é que tinham bastante pessoas que confiavam em mim, então eu nunca cheguei ao ponto de desanimar tanto e falar: ‘ah, nunca mais vou jogar’. O pouco que eu jogava era ok, então eu consegui conciliar as duas coisas muito bem. Não foi um período tão longo, mas foi tranquilo. A questão mesmo foi que eu tinha pouco tempo, mas ainda assim conseguia jogar uns campeonatos amadores também. 

    Nesses anos jogando Free Fire, qual você acha que foi sua maior conquista dentro e fora no jogo?

    A maior conquista dentro do jogo foi na LBFF 5, que foi quando fomos campeões pela primeira vez. Foi difícil para cair a ficha, mas foi uma sensação de dever cumprido, porque eu já estava há um tempinho no cenário competitivo e ainda não tinha conquistado nenhum título coletivo. Já tinha conquistado algumas coisas individuais, mas ainda não o coletivo, que é o mais importante. E acho que essa foi a conquista mais importante assim, porque quando você ganha a primeira vez é diferente da segunda. Acho que a sensação é mais de realização. Você sentir que conseguiu realizar um sonho com todo o seu trabalho aplicado ali.  

    Fora do game, a minha maior conquista foi a casa que eu dei pra minha mãe, por conta do Free Fire. Faz bastante tempo que eu já estou no competitivo, três anos, e durante todo esse tempo eu pensei nisso e finalmente consegui realizar. Essas duas coisas são bem marcantes para mim. 

    Você sempre teve essa vontade de dar uma casa pra sua mãe, mesmo antes do Free Fire? 

    Sim, sempre foi um sonho para mim, mesmo antes de entrar no Free Fire. Nós morávamos de aluguel há muito tempo, então era bem difícil, sabe? Eu sempre tive isso em mente, mas não sabia como aconteceria. Eu tinha só o sonho e muita vontade, e deu certo. 

    E quais conquistas faltam para riscar da lista?

    Acho que o maior sonho do momento, que é meu e de todo o time, é conquistar o mundial. No último, a gente ficou em quarto lugar. Saímos um pouco amargurados com o resultado. Por mais que não tenha sido um resultado ruim, a gente chega pra vencer, não só participar. E eu creio que dessa vez temos tudo para conseguir a vitória porque nosso time pegou um pouco a forma dos outros times jogarem depois do último mundial. Então, já temos uma experiência maior, mais conhecimento de como vai ser com questões de fuso horário, etc. Então a experiência toda foi muito importante pra gente, além de termos aprendido com nosso erro. E em questão de estratégia, a gente pretende fazer um jogo parecido com os nossos da LBFF. 

    Além do título, claro, quais são suas expectativas para a Tailândia?

    Olha, ainda não dá para saber muito porque ainda vamos ter uma reunião para definir todos os detalhes da viagem, onde a gente vai ficar e tal. Mas acho que eu tô com mais expectativa em relação à comida, porque no último mundial, em Singapura, tinha bastante coisa que eu não gostava. Então, sempre dá um frio na barriga em relação a isso. 

    Além das conquistas da carreira, o Free Fire também te deu a oportunidade de conhecer alguns ídolos, como o Neymar. Quem mais você gostaria de conhecer?

    Acho que não tem ninguém que pareça tão longe quanto o Neymar para mim. Sou muito fã de outros jogadores também, até de basquete, mas ele realmente era muito distante da minha realidade, então foi um momento bem legal ter tido a chance de conhecê-lo. 

    Se você tivesse que dar um conselho pro Modéstia do passado, qual seria?

    Quem não arrisca, não aproveita do melhor. Então, sempre trabalhar duro e manter os pés no chão que as coisas dão certo.

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    Giullia Gusman
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